Em ataques separados na
semana passada (26/06/15), os terroristas do ISIS mataram 39 turistas em um
resort de praia na Tunísia, e perto de 30 religiosos em uma mesquita xiita no
Kuwait. O ataque ocorreu pouco depois que o grupo apelou aos seus simpatizantes
jihadistas militantes para expandir as operações no mês de Ramadan.
ISIS tem demonstrado
uma determinação inabalável para tirar quem se atreve a discordar com ele. Os
seus membros assassinaram Yazidis e cristãos, mas a grande maioria de suas
vítimas foram os muçulmanos que lhe resistem e se recusam a reconhecer sua
autoridade. O ISIS tem até executado clérigos sunitas que se recusaram a jurar
fidelidade à ele, e as mulheres muçulmanas que não se submeteram à sua visão de
mundo.
Este recurso é
compartilhado entre todos os grupos terroristas que operam em nome do Islam. A
grande maioria das vítimas do Taliban, por exemplo, também são muçulmanos.
Centenas de muçulmanos xiitas foram mortos apenas nos últimos anos. E eu perdi
muitos amigos próximos em ataques semelhantes sobre os muçulmanos Ahmadi no
Paquistão, Indonésia, Bangladesh, Afeganistão e até mesmo na América.
Assim, quando alguns
críticos anti-Islam estão obstinadamente associando a fé de nós, muçulmanos,
com os atos de nossos algozes, chamamos-los para sua insensibilidade.
Eu não discordo que
parte da motivação para o extremismo religioso está enraizada na interpretação
pervertida da escritura por extremistas radicais. No entanto, é desonesto
rotular a grande maioria dos muçulmanos que rejeitam tais interpretações como
não-devotos ou “muçulmanos nominais”.
Um estudo honesto do
Alcorão mostra que grupos como ISIS agem em completo desafio das regras do
Islam.
O Alcorão, por exemplo, equivale um assassinato para o assassinato de
toda a raça humana (05:32), e considera perseguição e desordem na terra como um
crime ainda pior (2:217).
Ele coloca a ênfase na paz, justiça e direitos
humanos. Ele eleva a liberdade de consciência e proíbe castigo mundano por
apostasia e blasfêmia.
Um estudo das tradições
do Profeta Muhammad também demonstram que ele nos alertou para o aumento do
extremismo religioso nesta época em detalhes surpreendentes.
1400 anos atrás, ele
profetizou que viria um tempo quando nada permaneceria do Islam, mas o seu
nome, nada do Alcorão, mas a sua palavra, e que muitas “Mesquitas seriam
esplendidamente decoradas, mas destituídos de orientação” (Mishkatul Masabih).
Nestes últimos dias, a verdadeira essência espiritual do Islam estaria perdida,
e a religião, em sua maior parte, seria reduzida à uma compulsão ritualística.
Ele predisse que o clero seria corrupto e seria uma fonte de conflitos durante
estes tempos.
Como isso é verdade,
dos clérigos extremistas em algumas partes do mundo muçulmano abusarem do
púlpito para pregar divisão e ódio.
Ele também passou a
descrever grupos terroristas como o ISIS que tentariam sequestrar a fé
islâmica. Neste momento de dissensão, ele disse que iria aparecer “um grupo de
jovens que seriam imaturos no pensamento e tolos.” Eles falariam belas
palavras, mas cometeriam as mais hediondas das ações. Eles iriam se envolver em
tanta oração e jejum que o culto dos muçulmanos pareceriam insignificantes em
comparação. Eles iriam chamar as pessoas para o Alcorão, mas não teriam nada a
ver com ele na realidade. O Alcorão não iria além de suas gargantas, ou seja,
eles não entenderiam sua essência em tudo, simplesmente regurgitar-lo
seletivamente. O Profeta, então, passou a descrever essas pessoas como “os
piores da criação.”
Como se este esquema
não fosse suficientemente claro, outra tradição no livro Kitaab Al Fitan
relatado pelo califa Ali, o quarto sucessor do Profeta Muhammad, descreve essas
pessoas como tendo cabelos longos e tendo bandeiras negras. Seus corações
“serão duros como ferro”, e eles seriam os companheiros de um Estado (Ashab ul
Dawla). Curiosamente, ISIS refere a si mesmo como o Estado islâmico ou Dawla. A
tradição ainda menciona que eles vão quebrar seus convênios, não falam a
verdade e têm nomes que mencionam suas cidades. O califa do ISIS, Abu Bakr al
Baghdadi, vem à mente.
Profeta Muhammad
furiosamente e dolorosamente descreveu esses malfeitores, e advertiu os
muçulmanos para tomarem cuidado com o seu mal e lutarem contra isso. “Quem luta
contra eles é melhor para Allah do que eles”, proclamou.
Reflita sobre este
ponto crítico. Sempre que o ISIS mata em nome do Islam, afirmam seguir o
Alcorão, ou usam o mês sagrado do Ramadan para espalhar a anarquia em todo o
mundo, sabemos que o Profeta Muhammad explicitamente nos advertiu destes
impostores, e nos confiou desmascara-los.
As únicas pessoas que
se recusam a refletir sobre este ponto são o ISIS, os simpatizantes do ISIS e
extremistas anti-Islam que querem que o mundo acredite que o ISIS é legítimo.
As pessoas inteligentes, enquanto isso, enxergam a sabedoria profética do
profeta Muhammad e, assim, permanecem unidos contra ambas ignorância e o
extremismo.